Boas vindas!

Caro leitor, eramos apenas algumas amigas que isoladamente trocavam livros entre si. Até que um dia, a Bia leu o livro"A sociedade literária da casca de batata" e me presenteou com ele (junto com um recadinho) - e nós (Valkiria, Bia, Eliane, Angela, Arlete, Renata, Sabryna, Camila, Raíssa, Diu, Rosângela) inspiradas na idéia resolvemos formalizar nossas trocas, não no sentido chato, mas em possibilitar encontros onde iríamos discutir cada um dos livros em sua essência. Além disso, oportunizaria nossos encontros para colocarmos a conversa em dia, o que acaba rendendo muitas risadas, por isso o nome. Além disso, nos tornamos conhecedoras das cafeterias da cidade e com certeza tambem ótimas críticas literárias e gourmet. Um grande beijo para vc que nos acessou, vamos tentar sempre deixar esse espaço atualizado.Valkiria

domingo, 30 de janeiro de 2011

"NO PRINCÍPIO CRIOU DEUS... O CASAMENTO!"/30/01/2011 Marcelo Gomes

"NO PRINCÍPIO CRIOU DEUS... O CASAMENTO!"

30/01/2011
Marcelo Gomes
A narrativa fundamental que institui o que, hoje, chamamos “casamento” é a que trata da criação do homem e da mulher (Gênesis 2:18-25). Sua importância e profundidade acentuam-se numa comparação simples com o relato da criação como um todo (Gênesis 1:1 a 2:4). Neste, uma espécie de ritmo é estabelecido – como que um refrão, repetido ao final de cada estrofe: “viu Deus que era bom” (1:4, 10, 12, 18, 21, 25, 31). Naquela, o ritmo é abruptamente quebrado: “Não é bom que o homem esteja só” (2:18).  De repente, algo na criação destoa do restante; não está bom.
Explico: Deus viu que a luz era boa. Viu que a separação entre terra e águas era boa. Viu que a produção da terra era boa. Viu que a existência de luminares, um para o dia e outro para a noite, era boa. Viu que a presença das mais variadas espécies animais era boa. Viu que tudo quanto havia feito era muito bom. Mas naquele espaço de tempo entre a criação do homem e a criação da mulher, identificou algo que não era bom: a existência solitária do homem. Essa é a “quebra de ritmo” da narrativa, como se o texto quisesse chamar nossa atenção.
Pergunta: em que, exatamente, Deus se baseou para avaliar negativamente um dos aspectos de sua obra? Que critérios tomou por base para dizer: “não é bom”? Seria a simples necessidade do homem? Estaria carente? Reclamava companhia? Precisava de ajuda para cumprir suas responsabilidades junto ao Criador? O texto não parece permitir esta interpretação.
Observe atentamente o modo como Deus expressou sua decisão de criar o ser humano: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (1:26). Nela descobrimos duas verdades importantes: 1) o ser humano seria um reflexo da presença do Criador na criação; e 2) Deus não estava sozinho quando criou o universo. “Façamos”, ele disse. E esta palavra nos revela sua existência comunitária.
A primeira verdade, então, estabelece o propósito geral da vida: refletir a imagem de Deus e revelar sua presença majestosa no contexto da criação. Esta é a dignidade do ser humano e o paradigma para a compreensão geral de suas obrigações éticas: sua existência é uma declaração da glória de Deus para toda a natureza. E o mesmo vale para o homem e para a mulher, pois “homem e mulher os criou” (1:27).
A segunda verdade, por sua vez, nos convida a perceber que esta presença divina não é individual, mas comunitária. Deus não subsiste solitariamente em sua eternidade, mas nas pessoas igualmente divinas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Este, segundo o livro de Gênesis, “pairava” sobre a face das águas quando o mundo foi criado (1:2). O filho, conforme nos revela o Evangelho, também estava presente e era a própria Palavra criadora (João 1:1-18). O Pai, unido ao Filho e ao Espírito numa perfeita comunhão, como uma família trinitária, decidiu criar um ser humano cuja existência revelasse sua própria imagem.                                   
Por isso, a existência do ser humano tinha que ser comunitária, nos moldes da existência divina. Se todas as suas possibilidades de relacionamento se resumissem a Deus, desfrutaria de uma comunhão maravilhosa, sem dúvida, mas desigual: criatura e Criador. Não seria uma imagem exata, porque Deus é uma comunhão entre iguais: Deus-Pai, Deus-Filho, Deus-Espírito. Se o homem tivesse uma companheira, também poderia desfrutar de um relacionamento entre iguais e expressar, plenamente, a semelhança do seu Criador.
Portanto, quando Deus, finalmente, fez a mulher e a apresentou ao homem, estava promovendo-o ao mais alto nível de sua existência na Terra, pois concedeu-lhe a oportunidade de conviver com uma auxiliadora que lhe correspondia e, assim, formar uma família. O homem, que gratuitamente recebeu a vida de Deus, agora, pela união com sua mulher, também se tornava gerador de vida. “Multiplicai-vos” – disse o Senhor.
Descobrimos, com isto, que a família não surgiu simplesmente e tão somente como uma ideia criativa de Deus, mas especialmente como um modo de revelar sua identidade e expressar seu amor em toda a criação. O casamento é muito mais que uma união entre um homem e uma mulher (e os filhos): é a experiência mais próxima da própria vida de um Deus que, em si mesmo, também é uma família. E sua essência é AMOR.

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